Meu povo, hoje o post é daqueles que vocês precisam se ajeitar na cadeira, mandar os “minino” pra casa da avó pedir um tempo pro seu chefe, desligar o fogo do feijão e se concentrarem na leitura.
Trago uma entrevista com uma das mais respeitadas estudiosas de células-tronco do Brasil e símbolo máximo da conquista da liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias no nosso país, a professora Livre Docente e chefe do Laboratório de Genética Molecular do Instituto de Biociência da USP (Universidade de São Paulo), Lygia da Veiga Pereira.
Trago uma entrevista com uma das mais respeitadas estudiosas de células-tronco do Brasil e símbolo máximo da conquista da liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias no nosso país, a professora Livre Docente e chefe do Laboratório de Genética Molecular do Instituto de Biociência da USP (Universidade de São Paulo), Lygia da Veiga Pereira.
A professora Lygia é tão engajada com a causa da “Matrix” de quem tem alguma deficiência que respondeu às minhas perguntas de bate e pronto, sem trololó, sem nheco-nheco, sem blablabla (Tá, eu admito que tô dando butinada em alguns ).
Para mim, é uma honra tê-la aqui dividindo seu conhecimento respeitado no mundo todo e explicando fatos que perturbam muitos dos seguidores e admiradores desse blog.
Saibam, então, um pouco sobre mitos, sobre verdades, sobre o futuro e sobre esperanças guardadas nessas minúsculas células que caminham a passos largos para mudar radicalmente a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo.
Blog - Quando a gente vai poder levar nossos cavalos (cadeiras de rodas) pro lixão e deixar os donos dos “ferro véio” ricos?
Profa Lygia V. Pereira - Estamos vivendo um momento histórico com a aprovação do primeiro teste clínico com células-tronco embrionárias em seres-humanos - e justamente em lesão de medula.
Esse primeiro teste será importantíssimo para sabermos se pelo menos essas células são seguras. (repare que estou evitando a pergunta!)
Enfim, esse é um passo importantíssimo para essa promessa terapêutica virar realidade, mas ainda leva tempo. Quanto? Cinco? Dez anos?
Vou fazer uma comparação com transplante de coração: o primeiro em humanos foi feito no final de 1967. Um ano depois já haviam sido feitos mais de cem transplantes de coração no mundo... Com 80% de mortalidade.
Para tudo, volta-se ao laboratório, descobre-se que o problema é a rejeição. No início da década de 1980 são desenvolvidos os imunosupressores, de forma que até 2007 mais de 75.000 transplantes de coração já foram feitos no mundo todo.
Blog - Já li que lá na China tem médico que aplica célula-tronco de dia e, há quem jure, que o "malacabado" (deficiente físico) mexe a ponta do dedo à noite. Até que ponto esses progressos são verdadeiros?
Lygia - É uma pena a forma de trabalhar desse médico... Como ele não publica seus resultados nem os apresenta de forma adequada para seus pares, não podemos avaliar a validade dos mesmos...
A ciência séria é caracterizada por uma absoluta transparência e o julgamento pelos pares. Sempre desconfio de quem descobre uma cura milagrosa e decide esconder seus resultados em vez de publicá-los e ganhar um prêmio Nobel...
Blog- Será que os tratamentos com célula-tronco vão evoluir a tal ponto que, quando alguém sofrer um acidente, lascar a medula, vai chegar lá um médico com um injeção e evitar que a pessoa tenha uma lesão grave?
Lygia - É essa a idéia, e é para isso que todos trabalham.
Blog - Para que tipos de deficiência ou doença as células-tronco, de fato, estão conseguindo reverter ou mudar quadros?
Lygia - O único procedimento médico com células-tronco já consagrado pela medicina ainda é o transplante de medula óssea para as doenças do sangue (leucemias, etc).
No mais, tudo ainda é experimental. Em algumas doenças, ainda estamos nos modelos animais (parkinson, distrofia muscular); em outras, já começamos testes em seres-humanos (derrame; lesão de medula, doença hepática; doenças auto-imunes: esclerose múltipla, diabetes autoimune, lupus). Em cardiologia, os primeiros testes em seres-humanos foram tão positivos que justificaram ume estudo com 1.200 pacientes (em andamento) para verificarmos a eficácia. Mas nenhum médico sério pode receitar célula-tronco para nenhuma dessas doenças ainda.
Blog - Agora que já é possível usar células-tronco embrionárias em pesquisas no Brasil, o que mais a gente precisa para caminhar mais rápido?
Lygia - O Governo Federal anunciou o investimento de mais R$ 21 milhões em pesquisas com células-tronco, e a criação da Rede Nacional de Terapia Celular, com os objetivos de estruturar o esforço nacional de pesquisa em terapia celular, ampliar a geração de conhecimento por meio de uma maior interação entre a comunidade científica, e qualificar novos profissionais. Essa rede deve criar uma grande sinergia entre os grupos brasileiros, acelerando o ritmo das pesquisas com células-tronco no país.
Blog - Muita gente tá esperando sair andando, sair vendo, sair falando depois do tratamento. Mas as evoluções podem ser menores, mas muito importantes, não é mesmo?
Lygia - Sem dúvida a expectativa é o milagre das céluals-tronco. Porém, elas podem não curar totalmente os pacientes, mas promover algum tipo de melhora - e isso já valerá. Por exemplo, nos lesionados de medula, se as células-tronco promoverem pelo menos o controle urinário, isso representará uma grande melhora de qualidade de vida dos pacientes.
Para mim, é uma honra tê-la aqui dividindo seu conhecimento respeitado no mundo todo e explicando fatos que perturbam muitos dos seguidores e admiradores desse blog.
Saibam, então, um pouco sobre mitos, sobre verdades, sobre o futuro e sobre esperanças guardadas nessas minúsculas células que caminham a passos largos para mudar radicalmente a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo.
Blog - Quando a gente vai poder levar nossos cavalos (cadeiras de rodas) pro lixão e deixar os donos dos “ferro véio” ricos?
Profa Lygia V. Pereira - Estamos vivendo um momento histórico com a aprovação do primeiro teste clínico com células-tronco embrionárias em seres-humanos - e justamente em lesão de medula.
Esse primeiro teste será importantíssimo para sabermos se pelo menos essas células são seguras. (repare que estou evitando a pergunta!)
Enfim, esse é um passo importantíssimo para essa promessa terapêutica virar realidade, mas ainda leva tempo. Quanto? Cinco? Dez anos?
Vou fazer uma comparação com transplante de coração: o primeiro em humanos foi feito no final de 1967. Um ano depois já haviam sido feitos mais de cem transplantes de coração no mundo... Com 80% de mortalidade.
Para tudo, volta-se ao laboratório, descobre-se que o problema é a rejeição. No início da década de 1980 são desenvolvidos os imunosupressores, de forma que até 2007 mais de 75.000 transplantes de coração já foram feitos no mundo todo.
Blog - Já li que lá na China tem médico que aplica célula-tronco de dia e, há quem jure, que o "malacabado" (deficiente físico) mexe a ponta do dedo à noite. Até que ponto esses progressos são verdadeiros?
Lygia - É uma pena a forma de trabalhar desse médico... Como ele não publica seus resultados nem os apresenta de forma adequada para seus pares, não podemos avaliar a validade dos mesmos...
A ciência séria é caracterizada por uma absoluta transparência e o julgamento pelos pares. Sempre desconfio de quem descobre uma cura milagrosa e decide esconder seus resultados em vez de publicá-los e ganhar um prêmio Nobel...
Blog- Será que os tratamentos com célula-tronco vão evoluir a tal ponto que, quando alguém sofrer um acidente, lascar a medula, vai chegar lá um médico com um injeção e evitar que a pessoa tenha uma lesão grave?
Lygia - É essa a idéia, e é para isso que todos trabalham.
Blog - Para que tipos de deficiência ou doença as células-tronco, de fato, estão conseguindo reverter ou mudar quadros?
Lygia - O único procedimento médico com células-tronco já consagrado pela medicina ainda é o transplante de medula óssea para as doenças do sangue (leucemias, etc).
No mais, tudo ainda é experimental. Em algumas doenças, ainda estamos nos modelos animais (parkinson, distrofia muscular); em outras, já começamos testes em seres-humanos (derrame; lesão de medula, doença hepática; doenças auto-imunes: esclerose múltipla, diabetes autoimune, lupus). Em cardiologia, os primeiros testes em seres-humanos foram tão positivos que justificaram ume estudo com 1.200 pacientes (em andamento) para verificarmos a eficácia. Mas nenhum médico sério pode receitar célula-tronco para nenhuma dessas doenças ainda.
Blog - Agora que já é possível usar células-tronco embrionárias em pesquisas no Brasil, o que mais a gente precisa para caminhar mais rápido?
Lygia - O Governo Federal anunciou o investimento de mais R$ 21 milhões em pesquisas com células-tronco, e a criação da Rede Nacional de Terapia Celular, com os objetivos de estruturar o esforço nacional de pesquisa em terapia celular, ampliar a geração de conhecimento por meio de uma maior interação entre a comunidade científica, e qualificar novos profissionais. Essa rede deve criar uma grande sinergia entre os grupos brasileiros, acelerando o ritmo das pesquisas com células-tronco no país.
Blog - Muita gente tá esperando sair andando, sair vendo, sair falando depois do tratamento. Mas as evoluções podem ser menores, mas muito importantes, não é mesmo?
Lygia - Sem dúvida a expectativa é o milagre das céluals-tronco. Porém, elas podem não curar totalmente os pacientes, mas promover algum tipo de melhora - e isso já valerá. Por exemplo, nos lesionados de medula, se as células-tronco promoverem pelo menos o controle urinário, isso representará uma grande melhora de qualidade de vida dos pacientes.
Escrito por Jairo Marques às 00h12
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