quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

ENTREVISTA E OPINIÃO

Gente, encontrei uma reportagem interessante com a vereadora por São Paulo Mara Gabrilli, maragabrili@camara.sp.gov.br Site: http://www.maragabrili.com.br/ sobre assuntos importantes, inclusive sobre o tema abordado por Manuel Carlos na novela "Viver a Vida". Veja a entrevista:
Para Mara Gabrilli, recuperação de Luciana, de "Viver a Vida" , deveria ser mais lenta
Depois de 8 anos colaborando como colunista da revista TPM, a vereadora Mara Gabrilli, 41, acaba de lançar o livro Íntima Desordem, uma compilação com 50 textos publicados na revista.
Através do livro, Mara, que em 1994 ficou tetraplégica após um acidente e desde 1997 atua como porta-voz e militante em prol dos direitos dos deficientes através da ONG Próximos

Passos (hoje Instituto Mara Gabrilli), realizou um sonho de infância.
Entre as escolhas que entraram no livro estão Uma cadeirante em Trancoso, Menina no espelho e Meu lado vingativo e canibal, que falam de situações triviais e hilariantes como tomar uma enorme chuva e clamar por um banho de banheira na casa de um ilustre desconhecido; a curiosidade das crianças quando vêem uma cadeirante e como matar um mosquito que pousou em seu peito - com um cuspe.
Confira a entrevista que o Virgula fez com Mara para falar do livro e da personagem vivida por Alinne Moraes, que ficou paraplégica na novela das 8, Viver a Vida.
Virgula: Como foi escolher apenas cinquenta entre tantos textos publicados nestes 8 anos como colaboradora da TPM?Mara: Foi maravilhoso reler tudo e sentir aquelas coisas novamente, lembrei do estado emocional em que me encontrava ao escrever cada um. No caso da escolha dos textos, por mim pegaria só os que eu gostava, mas meu editor acabou escolhendo outras coisas também. Entraram vários que eu não considerava tão importante, mas que ele achou que tinham mais sentimento e expressavam mais a minha personalidade do que os de memórias ou passagens mais descritivas.

V: Como a coluna na TPM ajudou no seu desenvolvimento?MG: Voltei a escrever ali né? Foi uma coisa muito importante para mim, que faço diário desde criança e sempre fui uma escritora compulsiva. Após o acidente eu tinha diminuido bastante o hábito, pois tinha que ditar para alguém ou escrever com a boca, o que provocava fortes dores no pescoço.

V: Como foi descobrir a veia política, após o acidente? MG: Sou presidente de ONG há 12 anos, fazia politica e não sabia. Mas eu não tenho um perfil político tradicional, estou aprendendo. É um meio de continuar fazendo o meu trabalho, pois nunca vi o cargo político como fim e nesse aspecto é uma possibildiade muito grande. E como vereadora é infinitamente maior. Acabei conhecendo as necessidades dos deficientes não só pelo meu caso, mas porque abri as portas para as deficientes em geral, surdos, cegos, etc. 95% dos projetos de lei que escrevi foram a partir de pessoas que me trouxeram essas necessidades.

V: O que você está achando da novela das 8 retratar uma personagem que fica paraplégica? MG: Primeiro tem que dar um trofeu para o Manoel Carlos por abordar esse tema, que abre muitas discussões. Acho que a Alinne está fazendo bem o papel, mas é muito diferente da realidade que eu vivi.

V: Como assim?MG: Ela fez a cirurgia e no dia seguinte estava gritando, brigando. Após uma cirurgia daquelas você fica com a voz fraca por meses. Tudo bem que a lesão dela foi mais leve, na 6ª. e na 7ª. vértebra (a de Mara foi na 4ª. e na 5ª, caso mais delicado), mas mesmo assim a pessoa fica fraca, com a cara super abatida. É um processo muito pesado, que interfere no metabolismo do organismo, mexe com a bexiga, o intestino, os rins. No meu caso, afetou a respiração e só voltei a falar depois de 2 meses, sem a ajuda de aparelhos. Eu falava uma sílaba a cada respirada.

V: Como você acha que o comportamento da mãe da Luciana (Alinne), vivida por Lilia Cabral, interfere na recuperação dela?
MG: Ela atrapalha, usa termos muito fortes, diz que a filha está imprestável. Me incomoda porque existe uma crença de que o deficiente tem que se revoltar e achar um culpado, ficar deprimido. Isso tem que mudar. Óbvio que a vida fica muito mais trabalhosa, não é fácil. Mas também não é a coisa mais horrível do mundo. É lógico que seria melhor se eu estivesse andando, mas os maiores sofrimentos que tive nunca aconteceram por que me tornei tetraplégica. Minha concepção de mundo aumentou. Meu amadurecimento foi muito mais profundo e me trouxe coisas que eu não sei se teria em outra situação. Tenho uma memória melhor e outras habilidades que nem desconfiava possuir.

V: Você tem contato com a equipe da novela?MG: Sim, acabei de dar um depoimento que deve entrar no fim de um dos próximos capítulos. Também mandei um e-mail para a Alinne há um tempo atrás, dividindo minha experiência com ela. Ela foi muito receptiva e disse que após ver minhas fotos (Mara posou para um ensaio sensual na TRIP, em 2000), pediu para o Manoel Carlos dar a Luciana a chance de continuar sendo modelo mesmo após o acidente.


Por Carol Ramos
Publicado em 02/12/2009 05:14:00

sábado, 28 de novembro de 2009

INCLUSÃO: VOCÊ ESTÁ PREPARADO ?

Tente responder às questões abaixo e avalie se você é um educador ou uma educadora preparada para a inclusão.
1 - Recusar a matrícula de um aluno por causa de uma deficiência é crime?
2 - Crianças com deficiência física necessitam de cuidados específicos na hora de se movimentar e participar de atividades na escola?
3 - O professor deve propor atividades escolares mais fáceis para crianças com deficiência?
4 - Crianças cegas precisam de profissionais especializados que as ajudem a ir ao banheiro e a se alimentar na hora das refeições?
5 - As crianças surdas são totalmente insensíveis ao som?
6 - Pais de crianças com deficiência podem exigir a matrícula de seus filhos em qualquer escola, pública ou privada?
7 - Quem apresenta comprometimento nos movimentos dos braços e também das pernas tem deficiência múltipla?
8 - Se a criança é cega ou tem baixa visão, é util para ela que a escola tenha placas de sinalização nas portas e corredores?
9 - Estudantes com deficiência podem ajudar colegas sem deficiência nas atividades?
10 - Professores da sala regular devem incentivar estudantes sem deficiência a fazer parte do processo de inclusão de colegas com deficiência?
11 - A criança surda, com atendimento especializado, pode aprende a escrever no mesmo ritmo que as demais?
12 - A criança cega tem condições de reconhecer o rosto dos colegas de classe?
13 - Professores da sala regular podem adaptar materiais para facilitar a participação de estudantes com deficiência?
14 - Os estudantes com deficiência devem opinar sobre as medidas adotadas para apoiá-los na escola regular?
15 - Crianças cegas podem participar das aulas de Educação Física?
16 - Estudantes com deficiência mental conseguem desenvolver as habilidades de ler, escrever e fazer contas e ser independentes?
17 - Mesmo dominando a língua de sinais, a criança surda pode aprender a falar?
18 - Uma escola só pode ser considerada inclusiva quando tem crianças com deficiência?
Fonte: Revista Nova Escola- Agosto de 2007

FORMAÇÃO E RESPONSABILIDADE



Questionados sobre a formação, os diretores apontam uma preocupante contradição: 93% acham que sua primeira formação foi boa ou excelente, mas só 15% consideram que o curso (Pedagogia ou licenciatura numa das disciplinas do Ensino Fundamental) os preparou para o exercício da função de diretor. Ou seja, a faculdade é boa, mas não serve para o que acontece nas escolas... Talvez por isso os cursos específicos de gestão escolar oferecidos pelas redes públicas sejam tão bem avaliados: 89% dos diretores dizem que essas atividades colaboraram muito para a melhoria de seu trabalho. Outra contradição aparece quando os diretores são questionados sobre quem é o responsável pelas notas baixas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Pela ordem, os "culpados" são o governo (48%), a comunidade (16%) e o professor (13%). O aluno, que é vítima do mau ensino, aparece com 9% das citações. Em seguida, vem a escola, com 7%. E o próprio diretor, o que ele tem a ver com o mau desempenho dos estudantes? Só 2% dos consultados acham que têm responsabilidade nisso. Numa visão distorcida, se veem como "importantes para a aprendizagem" (66%), mas não se colocam em cena quando o ensino fracassa.
Quem é o responsável ?
A maioria diz que a responsabilidade pela nota baixa no Ideb é do governo e o diretor aparece como o menos responsável
O mesmo vale para a questão da autonomia no dia a dia. Diante de múltiplas opções, 57% afirmaram que, se pudessem ter mais poder na condução da escola, melhorariam as condições do prédio. Outros 53% escolheram mais liberdade para contratar ou demitir professores. E os aspectos pedagógicos simplesmente inexistem, segundo a pesquisa do Ibope.

O QUE FAZ E PENSA O GESTOR ESCOLAR

Pesquisa mostrou que esses profissionais ainda se preocupam muito mais com a burocracia que com o pedagógico
Os diretores de escolas públicas no Brasil trabalham aproximadamente dez horas por dia. Eles têm, em média, 46 anos de idade - e menos de oito no exercício da função. Em seu cotidiano, as prioridades da agenda são cuidar da infraestrutura, conferir a merenda, vigiar o comportamento dos alunos, atender os pais, receber as crianças na porta, participar de reuniões com as secretarias de Educação e providenciar material. Sobra pouco tempo para conversar com professores, prestar atenção nas aulas e buscar a melhoria do ensino, a meta essencial da escola. Essas são as principais conclusões de uma pesquisa inédita realizada pelo Ibope entre maio e junho deste ano, a pedido da Fundação Victor Civita. Foram ouvidos 400 diretores de escolas públicas em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo. Cada entrevista durou cerca de 50 minutos e abordou desde características pessoais até a relação com as redes de ensino e com as equipes dentro das escolas. Nesta reportagem, você vai conhecer um pouco mais do perfil desses profissionais, com base em sete aspectos:
- rotina de trabalho,
- formação inicial e continuada,
- responsabilidades pedagógicas,
- autonomia na função,
- relação com as políticas públicas,
- perspectivas para a Educação
- formas de seleção para o cargo.
No dia a dia, os diretores passam muito tempo cuidando de tarefas administrativas - e pouco tempo com questões pedagógicas. Segundo a pesquisa, 90% verificam a produção da merenda todos os dias. O mesmo vale para a supervisão dos serviços de limpeza (84%), o fornecimento de lápis e papel (63%) e a conferência das condições das carteiras (58%). Ainda entre as tarefas que são desempenhadas diariamente, 92% afirmam dedicar tempo para atender pais, 74% para receber os alunos na porta e 89% para observar o relacionamento entre os funcionários e a comunidade. Porém 50% não acompanham as reuniões semanais entre os professores e a coordenação pedagógica. E 25% reconhecem que nunca olham os cadernos dos estudantes para verificar a evolução da aprendizagem. Uma parte dos diretores ouvidos reconhece que tem negligenciado as atividades pedagógicas, mas a maioria aprova a rotina que adota. Para Maria Luiza Alessio, diretora de Fortalecimento Institucional e Gestão da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), o gestor que cuida apenas de administração e infraestrutura esquece que isso só faz sentido quando utilizado como meio para melhorar o desempenho das turmas. "É por isso que à frente de quase todas as unidades há diretores que foram professores e deveriam se lembrar da importância do trabalho de sala de aula", afirma.
Fonte: Revista Nova Escola- Outubro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA



A escola do século XXI tem buscado construir sua identidade em meio a tantos avanços e mudanças que vão desde o modo de viver ao de pensar e agir das pessoas, como forma de atender às necessidades de sua clientela, mas que devido à falta de participação da família e do comprometimento dos governos, ainda é um sonho a ser concretizado. A questão salarial dos seus agentes, a falta de estrutura básica das escolas, a ausência de espaços de construção do conhecimento, bibliotecas, laboratórios entre outros recursos necessários no contexto atual, não tem permitido a escola conseguir exercer efetiva e significativamente o seu papel social. Partindo dessa perspectiva, pretende-se discutir e refletir desde as tendências pedagógicas à função social da escola hoje, buscando compreender a prática docente, suas deficiências e qualidades.Durante muito tempo a educação formal pautou-se na forma pedagógica tradicional que priorizava o conteúdo a ser ensinado e aprendido deixando de lado às necessidades e potencialidades individuais dos alunos, do ser humano que habitava cada corpo, sujeitos do processo. Dessa forma, servia aos interesses da elite burguesa e preparava os indivíduos para única e exclusivamente atender aos interesses dessa classe formando assim, sujeitos mecânicos e alienados que atendessem e acompanhassem o desenvolvimento industrial, efervescente nesse período, e assim o era.A escola é organizada na forma de uma pirâmide em que o aluno encontra-se sujeito à autoridade do professor e este sujeito à autoridade do inspetor e este sujeito à autoridade do diretor, em graus hierárquicos sucessivos típicos daquilo que Marshall McLuhan chamou de Galáxia de Gutemberg, em que a informação classificadora é mais importante que a informação relacional ou a informação relevante.O fato é que o tempo foi passando, a sociedade evoluindo e os problemas decorrentes das diferenças (desigualdades de cor, classe, etc.) aumentando e, com isso, foi – se percebendo a necessidade de considerar o indivíduo e o seu contexto. Foi então que surgiu a Escola Nova, movimento que pretendeu modernizar o ensino, colocando – se a serviço das necessidades sociais de então, e partindo do princípio de que cada indivíduo tem a sua individualidade e potencialidades advindas de suas aptidões naturais. Os conteúdos, nesse contexto, deixaram de ser o foco do ensino e a ênfase foi dada aos métodos, habilidades e pesquisa, pois acreditavam que a criança, uma vez atendida em suas necessidades espontâneas, teria ela condições de sozinha, chegar aos conteúdos.Todo esse processo histórico vivido pela educação mostra a busca incessante por uma pedagogia que promova o indivíduo significativamente, em sua totalidade. Nessa perspectiva é que os agentes educacionais passaram a depositar toda credibilidade numa pedagogia que funcione como ponte de ligação entre a psicologia e o social, o indivíduo e seu contexto, suas particularidades e diversidades, objetivo primeiro da Pedagogia Crítico-Social, “vigente” atualmente.Nesse sentido Libâneo (1995; p. 96) afirma que “(...) O objetivo da escola, assim, será garantir a todos os saberes e as capacidades necessárias a um domínio de todos os campos da atividade humana, condição para redução das desigualdades de origem social.”Partindo de todas essas percepções a cerca do processo vivido pela instituição escola, percebe-se que, ainda hoje, a educação do Brasil não conseguiu construir sua identidade, pois a escola não deve ser uma instituição isolada, fechada e excludente, pelo contrário, deve se constituir espaço plural, rica em diversidade e, também, particularidades, devendo ser assim, aberta e para todos. Afinal, qual o papel social da escola? Redentora de uma sociedade individualista, marginalizada e desumana? Uma instituição governamental falida ainda com as portas abertas? São questionamentos sobre os quais, os educadores, sujeitos ativos na busca pela qualidade pedagógica e pela promoção de seus alunos, buscam respostas como forma de nortear suas ações.Ser educador hoje se tornou uma tarefa ainda mais complexa, quando todos esperam, através destes profissionais e instituição, resolver todos os seus problemas e os dos seus filhos. O fato é que tem sido depositada na escola, responsabilidades que não são dela, são antes, uma questão social, que, portanto, envolve o governo, a sociedade civil organizada e a família, referencial da formação do caráter, ética, crença e moralidade do sujeito do processo em questão.Em suma, é evidente e inquestionável que a escola tenha sua co-responsabilidade social, pois compete a esta promover a inclusão, o respeito à diversidade, despertar para a construção do “eu” e a descoberta do “outro”, mas antes dela, compete a família, instituição primeira na vida da criança, desenvolver a afetividade, a sensibilidade, o respeito, os limites, o conviver. A educação ainda é o caminho para a construção de uma sociedade mais igual mas esta é o meio, o princípio continua sendo a família.Referencial BibliográficoLIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública - a pedagogia crítico-social dos conteúdos. - 13. ed. São Paulo, Ed. Loyola,1995.FABRA, Maria Luísa. A nova pedagogia. Rio de Janeiro: Salvat, 1980.

SEM SENTIDO E SEM DIREÇÃO


OPINIÃO:

Hoje li um artigo que falava da possível coalisão de Heloísa Helena e Marina Silva para as próximas eleições presidenciais,e lá se pedia uma opinião do leitor sobre a nova tática eleitoral. Resolvi opinar por aqui...Tenho observado que aquela velha tendência política bipolarizada de Direita e Esquerda se esvaece, e ao menos por aqui no Brasil ,se dissolve como gelo no calor. No frigir dos ovos...é tudo farinha do mesmo saco!O que é esquerda hoje já foi direita ontem...e vice- versa!Por aqui tem gente que confunde até as bússolas!É só olhar a história dos personagens da história!Eu, na qualidade de eleitor,não acredito em tendências,em discursos, em falácias, em gente que chora seu passado pessoal nos palanques, em gente que grita em nome dos menos favorecidos, tampouco em legendas que mutam de letras em todo o tempo e lugar.Eu acredito em pessoas comprometidas com o que fazem, em pessoas cujos atos são congruentes com o que se prega, em políticos que fazem a diferença, em políticos que pensam no todo, em políticas que favorecem o desenvolvimento social e desbravam o futuro.É nisso que eu acredito.Portanto, eu acredito em Papai Noel! Apesar que até ele já anda me decepcionando...Mas se é milagre...não dá para desacreditar...porque eu acredito em Deus.Dfícil mesmo é buscar por Ele, em meio a tantos deuses da terra, ancorados na bipolaridade política e na ingenuidade dos que acreditam em qualquer coisa, vinda de qualquer um.

Dia da Consciência Negra

Dia da Consciência Negra
Zumbi, líder e mártir do Quilombo de Palmares Dia da Consciência Negra: 20 de Novembro
Autora: maria do socorro cardoso xavier

O termo “Quilombos” se origina de “Kilombos”, dos povos Bantos de Angola na África. Desde o século XVI que se realizava o comércio de escravos africanos para o Brasil onde os proprietários rurais utilizavam a mão de obra escrava no trabalho da lavoura da cana-de-açúcar. Os negros constituíram a mão de obra primordial para a riqueza colonial. Foram eles que trabalharam de sol a sol para os proprietários de terras, senhores de engenho exportadores da cana-de-açúcar para outros países. Foram as negras amas de leite dos filhos dos fazendeiros e preparavam os quitutes mais apetitosos. Foram os negros dos quais herdamos o pendor musical em ritmos saudosistas ou alegres. O samba destaca-se como uma criação do negro. Desde os navios negreiros de que fala nosso inesquecível poeta Castro Alves, porta voz dos escravos, os negros exercitavam sua potente voz entoando cantos de saudade, o “banzo” de sua terra nativa, a África.Os negros não eram tão passivos assim, a partir dos duros castigos e trabalho a eles impostos desenvolveram uma revolta, uma vontade de se libertar daquela dura vida. Fugiam e constituíam os Quilombos, comunidades autônomas longe de zona urbana, que se organizavam em aldeias semelhantes a organização social africana de suas tribos de origem. Ali desenvolviam uma economia de subsistência e até comércio, muitos tendo prosperado e atravessado séculos devido o seu isolamento, se denominando de outra localidade. Os Quilombos espalharam-se por vários estados brasileiros, prova da resistência dos negros a escravidão e aos maus tratos da maioria dos senhores proprietários e seus testas de ferro, os cruéis capitães do mato. Houve ocorrência de Quilombos nos seguintes Estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo (Ivaporanduva no Rio Ribeira do Iguape, lugar remanescente de antigos quilombos), Na Paraíba o Quilombo de “craúnas” e “cumbe”, remanescentes do Quilombo de Palmares em Alagoas. A maioria dos quilombos durou pouco devido a repressão violenta dos senhores proprietários de terra e de escravos que recapturava os escravos, punindo-os severa e cruelmente.O maior exemplo de resistência foi dado pelo líder dos escravos, Zumbi em 1695 no Quilombo de Palmares, com mais de 30 mil pessoas, onde lutou até a exaustão sendo exterminado pelas forças repressoras, dos proprietários rurais, representantes da economia agro-exportadora, açucareira.Mais que justa a Efeméride “Dia da Consciência Negra” em 20 de novembro, dia da morte de Zumbi. Desde o ano de 1960 que se comemora o Dia da Consciência Negra e oficialmente através de um projeto de lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003. É dedicado a reflexão sobre a condição e inclusão do negro na sociedade brasileira. Aí ocorre em todo país, nas Universidades, Escolas e outras entidades, debates, palestras, eventos onde se discute inclusive o preconceito herdado da condição histórica a que foi submetido o negro na sociedade colonial, enfim os males daí decorrentes. Preconceito racial, algo desumano e inadmissível.Há séculos os negros foram vítimas de uma sociedade injusta, desigual que colocou o negro numa posição de inferioridade, sendo excluído do mercado de trabalho especializado. Só as tarefas mais grosseiras eram reservadas ao negro. Mesmo com a libertação da escravatura, através da “Lei Áurea” de 13 de maio de 1888, pela Princesa Izabel, filha de Dom Pedro II, último Monarca brasileiro, dando liberdade aos escravos, perdera o trono no ano seguinte em 1889 quando instaura-se a República no Brasil. Fazia parte da bandeira dos abolicionistas e republicanos, - composto por filósofos, poetas, intelectuais da época que combatiam a escravidão e defendiam a República como melhor forma de governo. Podemos citar Joaquim Nabuco, Quintino Bocaiúva, Benjamin Constant, André Rebouças e outros. Influenciados pelas teorias sócio-políticas e práticas no mundo ocidental, herdadas das revoluções liberais que pregaram a liberdade, a fraternidade, igualdade, a exemplo a Revolução Francesa em 1789 e a Inglaterra com sua revolução industrial, via a sociedade escravocrata brasileira como anacrônica e não rentável perante os olhos do capitalismo em evolução. A Inglaterra queria consumidores para seus produtos manufaturados e o Brasil com uma força de trabalho escrava que não auferia salários, estava prejudicando a marcha da ganância capitalista. Defendiam a instauração do trabalho livre, assalariado em substituição ao trabalho escravo. Inicia-se a imigração italiana, alemã e outras sucessivamente para lavoura do café.Acontece que mesmo sendo abolida definitivamente a escravidão no Brasil através da Lei Áurea pela magnânima Princesa Isabel, os negros não tiveram realmente uma liberdade plena sob o ponto de vista de mercado de trabalho. Os negros não estavam qualificados para trabalharem como operários na zona urbana, pois seu ofício era o trabalho na lavoura da cana-de-açúcar e seus derivados nos engenhos. O mercado de trabalho não absorvia a população ex-escrava, ficando sempre à margem, no exercício de atividades de pouca importância e que não garantia sua subsistência, os biscaites. Muito ex-escravos preferiam permanecer com seus antigos senhores pois ali lhes prestavam serviços domésticos, no roçado, enfim muitos ficaram de confiança do proprietário e se constituíram até nos vaqueiros para pegar o gado dos fazendeiros pelo interior do Nordeste.Em síntese foi o negro que legou ao Brasil colonial sua riqueza maior, em força de trabalho, em cultura, multifacetárias manifestações na dança, música, culinária, criatividades, crenças etc. A miscigenação das raças que deu um produto físico exótico, bonito, tipo as mulatas brasileiras.Atualmente no Brasil os negros correspondem a menos de 10% da população; os pardos ou sejam mestiços de negros com europeus e índios chegam a metade da população. Assim a maioria da população brasileira é miscigenada com negros e índios. Quase ninguém poderá dizer que é de raça pura propriamente dita, pois há sempre próxima ou longínqua miscigenação com o negro e isto é digno, bom e saudável.Não é a cor da pele que vai diminuir o ser humano, e sim o caráter, os valores morais e qualidades que trás consigo. Ninguém é superior nem inferior a ninguém, independente de raça, status social. Hoje o negro está ocupando em todas as esferas da sociedade posições de relevo com dignidade e capacidade intelectual. Não resta dúvida que já sofreu abomináveis preconceitos, mas as lutas, os movimentos reivindicatórios, a tomada de consciência do próprio segmento vem se impondo e gerando resultados positivos no sentido de uma libertação mais ampla.Aquela condição degradante do negro de ser escravo, uma peça, isto está sepultado, graças a Deus! Infelizmente há outros tipos de escravidão no nosso mundo de hoje, pleno século XXI. A fome da África e dos países de terceiro mundo, a violência, prostituição, as drogas.O que há de nivelar mais ainda todos os segmentos étnicos é a educação. Através da utilização dos agentes de ascensão social, os negros, índios, tanto quanto quaisquer grupos raciais minoritários terão acesso a todos os serviços da sociedade. Educação nos três níveis para todos, saúde para todos, emprego, renda, todos os bens. Todos são iguais perante a Lei e principalmente diante de DEUS!E viva Zumbi dos Palmares, Mather Luther King e tantos outros representantes dignos da raça negra!
maria do socorro cardoso xavier
Publicado no Recanto das Letras em 20/11/2009Código do texto: T1934339

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