sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia da Consciência Negra

Dia da Consciência Negra
Zumbi, líder e mártir do Quilombo de Palmares Dia da Consciência Negra: 20 de Novembro
Autora: maria do socorro cardoso xavier

O termo “Quilombos” se origina de “Kilombos”, dos povos Bantos de Angola na África. Desde o século XVI que se realizava o comércio de escravos africanos para o Brasil onde os proprietários rurais utilizavam a mão de obra escrava no trabalho da lavoura da cana-de-açúcar. Os negros constituíram a mão de obra primordial para a riqueza colonial. Foram eles que trabalharam de sol a sol para os proprietários de terras, senhores de engenho exportadores da cana-de-açúcar para outros países. Foram as negras amas de leite dos filhos dos fazendeiros e preparavam os quitutes mais apetitosos. Foram os negros dos quais herdamos o pendor musical em ritmos saudosistas ou alegres. O samba destaca-se como uma criação do negro. Desde os navios negreiros de que fala nosso inesquecível poeta Castro Alves, porta voz dos escravos, os negros exercitavam sua potente voz entoando cantos de saudade, o “banzo” de sua terra nativa, a África.Os negros não eram tão passivos assim, a partir dos duros castigos e trabalho a eles impostos desenvolveram uma revolta, uma vontade de se libertar daquela dura vida. Fugiam e constituíam os Quilombos, comunidades autônomas longe de zona urbana, que se organizavam em aldeias semelhantes a organização social africana de suas tribos de origem. Ali desenvolviam uma economia de subsistência e até comércio, muitos tendo prosperado e atravessado séculos devido o seu isolamento, se denominando de outra localidade. Os Quilombos espalharam-se por vários estados brasileiros, prova da resistência dos negros a escravidão e aos maus tratos da maioria dos senhores proprietários e seus testas de ferro, os cruéis capitães do mato. Houve ocorrência de Quilombos nos seguintes Estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo (Ivaporanduva no Rio Ribeira do Iguape, lugar remanescente de antigos quilombos), Na Paraíba o Quilombo de “craúnas” e “cumbe”, remanescentes do Quilombo de Palmares em Alagoas. A maioria dos quilombos durou pouco devido a repressão violenta dos senhores proprietários de terra e de escravos que recapturava os escravos, punindo-os severa e cruelmente.O maior exemplo de resistência foi dado pelo líder dos escravos, Zumbi em 1695 no Quilombo de Palmares, com mais de 30 mil pessoas, onde lutou até a exaustão sendo exterminado pelas forças repressoras, dos proprietários rurais, representantes da economia agro-exportadora, açucareira.Mais que justa a Efeméride “Dia da Consciência Negra” em 20 de novembro, dia da morte de Zumbi. Desde o ano de 1960 que se comemora o Dia da Consciência Negra e oficialmente através de um projeto de lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003. É dedicado a reflexão sobre a condição e inclusão do negro na sociedade brasileira. Aí ocorre em todo país, nas Universidades, Escolas e outras entidades, debates, palestras, eventos onde se discute inclusive o preconceito herdado da condição histórica a que foi submetido o negro na sociedade colonial, enfim os males daí decorrentes. Preconceito racial, algo desumano e inadmissível.Há séculos os negros foram vítimas de uma sociedade injusta, desigual que colocou o negro numa posição de inferioridade, sendo excluído do mercado de trabalho especializado. Só as tarefas mais grosseiras eram reservadas ao negro. Mesmo com a libertação da escravatura, através da “Lei Áurea” de 13 de maio de 1888, pela Princesa Izabel, filha de Dom Pedro II, último Monarca brasileiro, dando liberdade aos escravos, perdera o trono no ano seguinte em 1889 quando instaura-se a República no Brasil. Fazia parte da bandeira dos abolicionistas e republicanos, - composto por filósofos, poetas, intelectuais da época que combatiam a escravidão e defendiam a República como melhor forma de governo. Podemos citar Joaquim Nabuco, Quintino Bocaiúva, Benjamin Constant, André Rebouças e outros. Influenciados pelas teorias sócio-políticas e práticas no mundo ocidental, herdadas das revoluções liberais que pregaram a liberdade, a fraternidade, igualdade, a exemplo a Revolução Francesa em 1789 e a Inglaterra com sua revolução industrial, via a sociedade escravocrata brasileira como anacrônica e não rentável perante os olhos do capitalismo em evolução. A Inglaterra queria consumidores para seus produtos manufaturados e o Brasil com uma força de trabalho escrava que não auferia salários, estava prejudicando a marcha da ganância capitalista. Defendiam a instauração do trabalho livre, assalariado em substituição ao trabalho escravo. Inicia-se a imigração italiana, alemã e outras sucessivamente para lavoura do café.Acontece que mesmo sendo abolida definitivamente a escravidão no Brasil através da Lei Áurea pela magnânima Princesa Isabel, os negros não tiveram realmente uma liberdade plena sob o ponto de vista de mercado de trabalho. Os negros não estavam qualificados para trabalharem como operários na zona urbana, pois seu ofício era o trabalho na lavoura da cana-de-açúcar e seus derivados nos engenhos. O mercado de trabalho não absorvia a população ex-escrava, ficando sempre à margem, no exercício de atividades de pouca importância e que não garantia sua subsistência, os biscaites. Muito ex-escravos preferiam permanecer com seus antigos senhores pois ali lhes prestavam serviços domésticos, no roçado, enfim muitos ficaram de confiança do proprietário e se constituíram até nos vaqueiros para pegar o gado dos fazendeiros pelo interior do Nordeste.Em síntese foi o negro que legou ao Brasil colonial sua riqueza maior, em força de trabalho, em cultura, multifacetárias manifestações na dança, música, culinária, criatividades, crenças etc. A miscigenação das raças que deu um produto físico exótico, bonito, tipo as mulatas brasileiras.Atualmente no Brasil os negros correspondem a menos de 10% da população; os pardos ou sejam mestiços de negros com europeus e índios chegam a metade da população. Assim a maioria da população brasileira é miscigenada com negros e índios. Quase ninguém poderá dizer que é de raça pura propriamente dita, pois há sempre próxima ou longínqua miscigenação com o negro e isto é digno, bom e saudável.Não é a cor da pele que vai diminuir o ser humano, e sim o caráter, os valores morais e qualidades que trás consigo. Ninguém é superior nem inferior a ninguém, independente de raça, status social. Hoje o negro está ocupando em todas as esferas da sociedade posições de relevo com dignidade e capacidade intelectual. Não resta dúvida que já sofreu abomináveis preconceitos, mas as lutas, os movimentos reivindicatórios, a tomada de consciência do próprio segmento vem se impondo e gerando resultados positivos no sentido de uma libertação mais ampla.Aquela condição degradante do negro de ser escravo, uma peça, isto está sepultado, graças a Deus! Infelizmente há outros tipos de escravidão no nosso mundo de hoje, pleno século XXI. A fome da África e dos países de terceiro mundo, a violência, prostituição, as drogas.O que há de nivelar mais ainda todos os segmentos étnicos é a educação. Através da utilização dos agentes de ascensão social, os negros, índios, tanto quanto quaisquer grupos raciais minoritários terão acesso a todos os serviços da sociedade. Educação nos três níveis para todos, saúde para todos, emprego, renda, todos os bens. Todos são iguais perante a Lei e principalmente diante de DEUS!E viva Zumbi dos Palmares, Mather Luther King e tantos outros representantes dignos da raça negra!
maria do socorro cardoso xavier
Publicado no Recanto das Letras em 20/11/2009Código do texto: T1934339

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