sábado, 7 de março de 2009

SEXO EFICIENTE- A CURIOSIDADE EXCITA !


Mesmo que as pupilas de um cego sejam feitas de vidro, é difícil enxergar algum brilho em seus olhares. Também não se imagina um deficiente mental apaixonado, ainda que sua cabeça esteja sempre nas nuvens. E nunca se dirá que o corpo de um tetraplégico é escultural, mesmo que seja imóvel como uma estátua de mármore. No imaginário da sociedade, a cama do deficiente é sempre um lugar de repouso, leito de tratamento que uma pobre alma necessita para enfrentar seus males. Nunca é espaço de diversão, templo de impulsos lúbricos onde os lençóis desarrumados são a memória recente de que ali houve noites bem melhores. Se sexo ainda é tabu, imagine quando ocorre entre eles. Eles, que para a ciência, são deficientes mentais, visuais, auditivos, físicos. Eles, que para os politicamente corretos, são portadores de necessidades especiais. Eles que, para o senso comum, são cegos, surdos, dementes, aleijados. Eles, que são sempre "eles", pronome na terceira pessoa que os torna ainda mais párias. Apesar de alguns avanços, a sexualidade dos deficientes ainda é pouco discutida em escolas, famílias, hospitais, na imprensa, nas pesquisas das universidades, e mesmo nas artes. Não é simples preconceito. Parece mais uma cegueira coletiva - o mundo ainda não enxerga que muitos deficientes também se apaixonam, têm desejo e podem, sim, ter vida sexual. Quando sofri o acidente uma das primeiras indagações pessoais, após saber da minha situação, era se eu conseguiria, a principio, a ereção e consequentemente “transar” novamente. Nos primeiros dias após a retirada da sonda normalmente quando as enfermeiras vinham fazer o cateterismo intermitente para esvaziamento da bexiga, percebi os primeiros reflexos de ereção. Poxa, o meu lado animal masculino ardia em felicidade e assim foi por algum tempo. Como eu sempre fui um menino danado, essa briga interior perdurou por muito tempo até que com um tempo passei a ter a ereção reflexiva e a autônoma. . Costumamos pensar erroneamente que o deficiente não mais consegue ter uma sexualidade ativa, já que associamos a perda de movimento das pernas com a perda também da ereção. Algumas vezes porém isto não acontece. O homem consegue ter ereções pois a lesão não afetou esta parte específica. A sexualidade de um modo geral não se limita apenas aos órgãos genitais, à penetração e ao orgasmo, existem muitas maneiras de curtir o prazer numa troca de olhares, num roçar de mãos, num abraço, num beijo, num ficar pertinho, abraçadinhos. E, para quem não sabe, muitos deles estão aptos ao ato sexual. Me reporto agora para o nascimento do meu filho, que quando nasceu eu já me encontrava numa cadeira de rodas e as pessoas tinham dúvidas se o concebi antes ou depois. Essa curiosidade ainda persiste até hoje, quanto mais me relaciono com pessoas novas ao meu ciclo de amizades, mais surgem essas perguntas sobre sexo, sobre como é o sexo no casamento. Tenho observado também que as respostas provoca um certo "ai meu Deus", ou não acreditando ou querendo "experimentar para crer". Me sinto a vontade de responder com detalhes, e que sou uma pessoa totalmente resolvida sexualmente, o que é melhor, hoje faço sexo, amor com uma qualidade maior, mais profunda que antes do acidente, minha mulher que o diga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Quem sou eu

Minha foto
Espaço para aqueles que se interessam por questões de igualdade, contrariando os medíocres de julgamento.