Eu sou que nem a Regina Casé, admito que tenho cara de pobre, mas, poxa, ganho um pouco mais que o "salaro mínio", né?
O povo da Matrix de quem tem alguma deficiência precisa sempre estar provando que seus cheques tem fundos, que tem conta bancária (mesmo que ela seja eternamente no vermelho ), que pode comprar suas próprias fraudas, e, com o tio, num é diferente.
É verdade que muitos "malacabados" dependem de suas famílias ou ainda estão na batalha por um "job" (Sílvia dos States, falai, tô "xiki" no inglês, né?), mas também é fato que diversos desse povo torto têm condições de se sustentar e até comprar um panetone sem marca no final do ano.
Há mais ou menos um ano e meio, inventei de fazer um desses cartões de crédito que nos "dão" nos supermercados, sabem "qualé"? Ahhh, eu adoro um cartão de crédito. Não porque eu gosto de gastar, mas é porque ficam bonito coloridinhos na carteira, né, não?!
E lá fui eu para a setor de atendimento ao cliente. Me motivei mais ainda para fazer o trem (tô usando muito trem porque "Belzonte" tem bombado no blog ) porque havia uma placona dizendo assim:
"Faça seu cartão de crédito apenas com o RG, CPF e comprovante de residência".
Caraca, tava fácil!!! Num ia ter de ficar provando por horas que posso pagar uma fatura de dez, quinze reais... por trimestre.
Mas, como vida de "deficientchi" é uma eterna piada, é um roteiro sem fim para um blog "legalpracaramba" ("inzibido, to inzibido hoje), as coisas não foram tão simples assim:
"O sr pode estar me apresentando por gentileza um comprovante de renda?"
"Mas ali tá escrito que não precisa, moça."
A "mardita" nem olhou pro quadro e respondeu na lata:
"Ah, mas só vale durante dia de semana, dia de sábado tem que apresentar o comprovante de renda".
Claro que ela tava era achando que eu queria dar o golpe, né? Usei os meus ensinamentos do Pai Mei, do Kill Bill , e pacientemente saquei o holerite da carteira, para o ódio da atendente, que achou que havia me vencido.
Ela pegou o papel com aquela cara de "ai, ai porque ele num vai pro parque jogar milho pros pombos". Olhou, olhou, olhou e disparou:
"O senhor tem outro comprovante, de outro mês?".
"Esse é o mais recente, fia. O do mês anterior o salário é igual", disse eu, já levemente com baba no canto da boca.
"Olha, senhor, assim vai ficar difícil para o sistema estar aprovando seu crédito. Vou ver o que eu posso estar fazendo pra te ajudar."
"Me ajudar? Como assim, me ajudar? Eu quero o cartão pra comprar aqui no mercado e dar dinheiro pra pagar o seu salário, moça." (Perceberam que, a esta altura, eu já estava mais ligeiramente ... Dado Dolabella ).
"Só para conferir, a ficha de cadastro que o senhor preencheu, o senhor tem mesmo casa própria?"
Eu só continuei com aquela palhaçada porque eu queria ver até onde iria a tentativa da atendente em me fazer abrir mão do cartão.
Concordo que é preciso ter algum rigor pra evitar calotes, mas, o lance ali era a desconfiança clara das minhas condições financeiras por consequência (agora sem trema!) da minha condição física.
"Confere se tá tudo certinho na ficha, senhor."
"Moça, você colocou o meu salário errado. Eu ganho mais do que isso."
"Não, senhor, tá certo. Aqui a gente usa uma combinação dos valores descriminados no holerite e faz uma média".
Povo, ela tava de sacanagem comigo. A mulher pegou um valor de comissionamento do meu holerite, que representa só uma parte do salário, e lançou como o total dos vencimentos.
"É regra da empresa, senhor." (Quem não tem vontade de estourar uma bexiga cheia de água na cara de quem diz isso? ).
Confesso a vocês que aquilo já havia virado questão de honra. Ai fiquei "brabo" que nem cachorro de japonês.
No que a moça reagiu, alterando o valor do meu salário, mas não para o que eu ganho de verdade (um salário mínimo e meio ), mas por um valor que ela criou lá com fórmulas estapafúrdias.
Ai a escroque quis me dar o "fatalit".
"Agora é só o seu aguardar de 40 a 50 minutinhos para a aprovação da nossa central".
Eu respirei bem fundo. Pensei na minha criação de minhoca que precisa do pai vivo para alimentá-las , e só respondi.
"A senhora enfia esse formulário, essas cópias.... sabe onde? Enfia no fax. Enfia no fax e manda pra central".
Não demorou nem cinco minutos, eles haviam aprovado o meu crédito. O cartão? Quase nunca usei e já aumentaram o valor da minha possibilidade de "gastação" duas vezes.
Em tempo: Usar critérios subjetivos para garantir créditos a alguém faz parte do jogo. Porém, resistir aos fatos é burrice. Um cadeirante, um cego, um surdo pode ser muito bem sucedido na vida.
Não se trata de uma regra, mas quem tem alguma limitação e é consciente sabe que terá de se esforçar mais para conquistar uma vida digna e isso passa por um salário digno. E muitos, muitos mesmo, conseguem se dar bem.
Antes de aplicar selos de incapacidade financeira em alguém, acho que é preciso pensar que roupas, meios de locomoção e aparência física não determinam, necessariamente, sua dignidade ou seu poder de ser consumidor.
É verdade que muitos "malacabados" dependem de suas famílias ou ainda estão na batalha por um "job" (Sílvia dos States, falai, tô "xiki" no inglês, né?), mas também é fato que diversos desse povo torto têm condições de se sustentar e até comprar um panetone sem marca no final do ano.
Há mais ou menos um ano e meio, inventei de fazer um desses cartões de crédito que nos "dão" nos supermercados, sabem "qualé"? Ahhh, eu adoro um cartão de crédito. Não porque eu gosto de gastar, mas é porque ficam bonito coloridinhos na carteira, né, não?!
E lá fui eu para a setor de atendimento ao cliente. Me motivei mais ainda para fazer o trem (tô usando muito trem porque "Belzonte" tem bombado no blog ) porque havia uma placona dizendo assim:
"Faça seu cartão de crédito apenas com o RG, CPF e comprovante de residência".
Caraca, tava fácil!!! Num ia ter de ficar provando por horas que posso pagar uma fatura de dez, quinze reais... por trimestre.
Mas, como vida de "deficientchi" é uma eterna piada, é um roteiro sem fim para um blog "legalpracaramba" ("inzibido, to inzibido hoje), as coisas não foram tão simples assim:
"O sr pode estar me apresentando por gentileza um comprovante de renda?"
"Mas ali tá escrito que não precisa, moça."
A "mardita" nem olhou pro quadro e respondeu na lata:
"Ah, mas só vale durante dia de semana, dia de sábado tem que apresentar o comprovante de renda".
Claro que ela tava era achando que eu queria dar o golpe, né? Usei os meus ensinamentos do Pai Mei, do Kill Bill , e pacientemente saquei o holerite da carteira, para o ódio da atendente, que achou que havia me vencido.
Ela pegou o papel com aquela cara de "ai, ai porque ele num vai pro parque jogar milho pros pombos". Olhou, olhou, olhou e disparou:
"O senhor tem outro comprovante, de outro mês?".
"Esse é o mais recente, fia. O do mês anterior o salário é igual", disse eu, já levemente com baba no canto da boca.
"Olha, senhor, assim vai ficar difícil para o sistema estar aprovando seu crédito. Vou ver o que eu posso estar fazendo pra te ajudar."
"Me ajudar? Como assim, me ajudar? Eu quero o cartão pra comprar aqui no mercado e dar dinheiro pra pagar o seu salário, moça." (Perceberam que, a esta altura, eu já estava mais ligeiramente ... Dado Dolabella ).
"Só para conferir, a ficha de cadastro que o senhor preencheu, o senhor tem mesmo casa própria?"
Eu só continuei com aquela palhaçada porque eu queria ver até onde iria a tentativa da atendente em me fazer abrir mão do cartão.
Concordo que é preciso ter algum rigor pra evitar calotes, mas, o lance ali era a desconfiança clara das minhas condições financeiras por consequência (agora sem trema!) da minha condição física.
"Confere se tá tudo certinho na ficha, senhor."
"Moça, você colocou o meu salário errado. Eu ganho mais do que isso."
"Não, senhor, tá certo. Aqui a gente usa uma combinação dos valores descriminados no holerite e faz uma média".
Povo, ela tava de sacanagem comigo. A mulher pegou um valor de comissionamento do meu holerite, que representa só uma parte do salário, e lançou como o total dos vencimentos.
"É regra da empresa, senhor." (Quem não tem vontade de estourar uma bexiga cheia de água na cara de quem diz isso? ).
Confesso a vocês que aquilo já havia virado questão de honra. Ai fiquei "brabo" que nem cachorro de japonês.
No que a moça reagiu, alterando o valor do meu salário, mas não para o que eu ganho de verdade (um salário mínimo e meio ), mas por um valor que ela criou lá com fórmulas estapafúrdias.
Ai a escroque quis me dar o "fatalit".
"Agora é só o seu aguardar de 40 a 50 minutinhos para a aprovação da nossa central".
Eu respirei bem fundo. Pensei na minha criação de minhoca que precisa do pai vivo para alimentá-las , e só respondi.
"A senhora enfia esse formulário, essas cópias.... sabe onde? Enfia no fax. Enfia no fax e manda pra central".
Não demorou nem cinco minutos, eles haviam aprovado o meu crédito. O cartão? Quase nunca usei e já aumentaram o valor da minha possibilidade de "gastação" duas vezes.
Em tempo: Usar critérios subjetivos para garantir créditos a alguém faz parte do jogo. Porém, resistir aos fatos é burrice. Um cadeirante, um cego, um surdo pode ser muito bem sucedido na vida.
Não se trata de uma regra, mas quem tem alguma limitação e é consciente sabe que terá de se esforçar mais para conquistar uma vida digna e isso passa por um salário digno. E muitos, muitos mesmo, conseguem se dar bem.
Antes de aplicar selos de incapacidade financeira em alguém, acho que é preciso pensar que roupas, meios de locomoção e aparência física não determinam, necessariamente, sua dignidade ou seu poder de ser consumidor.
* Imagens do Google Imagens
Escrito por Jairo Marques às 07h41
Escrito por Jairo Marques às 07h41
Cara, esse post é Show...
ResponderExcluir