segunda-feira, 16 de maio de 2011

MAIOR RENDA, MENOR RENDA

Ponta Verde é um bairro nobre e uma praia badalada de Maceió. Nela encontram-se excelentes restaurantes e hotéis. Possui mar calmo, com alguns trechos de praia larga próprios para a prática de esportes. Até meados do século 20, o bairro da Ponta Verde era um dos mais remotos da cidade, por pertencer à parte baixa dela, no nível do mar, enquanto a parte alta era a mais povoada. A partir dos anos 1970, houve um intenso investimento privado e público na parte baixa. Avenidas, ruas, casas de luxo, edifícios e hotéis migraram para a área, além de toda a elite econômica de Maceió, transformando-o no bairro mais nobre e um dos mais densos da cidade. Hoje no bairro quase não se acha mais casas por causa do maciço investimento de construtoras para a construção de novos edifícios, fazendo com que a área seja atualmente supervalorizada e visada por brasileiros que buscam uma vida calma e com grande qualidade de vida. Outro bairro é o Farol, onde sua principal avenida é a Fernandes Lima, considerada por muitos a principal rua de Maceió. A avenida (que na verdade é uma extensão da rodovia BR-104, ligando-a ao Porto de Jaraguá) é a principal via de ligação entre o centro da cidade e os bairros localizados ao norte do município (conhecidos como "parte alta da cidade"). O bairro possui uma grande rede de comércio e serviços, como shopping centers, escolas, drogarias, praças, igrejas, pontos de lazer, bancos, hospitais, restaurantes e supermercados. Está também situado no Farol o maior complexo educacional de Alagoas, o CEPA (Centro Educacional Público de Alagoas) antigo CEAGB. Com seu clima de planalto, a brisa leve ruas tranqüilas, o Farol foi sempre o bairro preferido da burguesia alagoana, que construíam suas mansões. Os coronéis e barões que moravam em Bebedouro até o início do atual século, foram optando pela parte alta da cidade, por seu clima saudável e a proximidade como Centro da cidade.
A Avenida Fernandes Lima até as proximidades do Quartel do Exército, era toda tomada por mansões onde residiam usineiros, grandes industriais, comerciantes, magistrados e políticos.
Hoje, é tudo comércio. As casas antigas, ou foram derrubadas ou descaracterizada, dando lugar a lojas dos mais variados ramos, consultórios médicos, supermercado, agências bancarias e outros estabelecimentos comerciais. Restam algumas mansões em suas transversais. A antiga rua do Seminário (atual Avenida Dom Antonio Brandão), era outra preferida pela burguesia maceioense. Por lá, residiram por muitos anos famílias Maia Nobre, Nogueira, Inojosa de Andrade e outras. Quem olha o bairro do Farol da parte baixa da cidade, contempla seus imponentes edifícios de apartamentos, onde concentra-se boa parte do PIB de alagoano. São usineiros, grandes industrias e comerciantes, políticos, magistrados, e outros profissionais liberais de alto poder aquisitivo. Edifícios como o Michelangelo, o Lagoa-Mar, o Porchat, Erick Fron, Pallais de Versailes, Morada do Farol e Leonardo Da Vince, possuem apartamentos de alto padrão de luxo e garantem aos seus moradores, a mais bonita vista da cidade e das orlas marítima e lagunar. O Michelangelo, que fica no Mirante de São Gonçado, possui parque aquático, quadra de tênis e uma belíssima vista. Lá residiu por alguns anos o ex-presidente Fernando Collor de Melo, que ainda mantém o apartamento,para quando retorna a Maceió. Outros magnatas ocupam os amplos e luxuosos apartamentos desse edifício que foi um dos primeiros construídos no bairro.
Em se tratando de periferia, temos o bairro do Clima Bom localizado na na 7ª Região Administrativa, uma pesquisa aponta que o bairro ocupa o 2º lugar em exclusão social em Maceió, com percentual de 60% (sessenta por cento) numa população estimadamente excluída de 80.635 habitantes. A faixa etária considerada ativa para o trabalho (19 a 45 anos), há um percentual de 50,94% de desempregados, como também, um número significativo de pessoas com idade acima de 18 anos que nunca tiveram a oportunidade de inserir-se no mercado de trabalho, e os que trabalham têm média salarial de 1 (um) salário mínimo, devido ao baixo nível de escolaridade e a falta de qualificação profissional, que é mais visível na faixa etária a partir de 19 anos. O setor econômico do bairro é basicamente composto por estabelecimentos comerciais de variados gêneros: confecções, restaurantes, padarias, lanchonetes, mercadinhos e supermercados, açougues, escolas particulares, depósitos de material de construção, farmácias, salões de beleza.
No desenvolvimento industrial, o bairro contém um micro-pólo industrial que contempla: produção de peças e equipamentos para usinas açucareiras, fabricação de produto de limpeza (sabão, detergente), envasamento de especiaria (pimenta). Levando em consideração a população do bairro, o número de escolas ainda é insuficiente, principalmente as públicas, tendo em vista que só existem duas escolas da rede municipal e três da rede estadual, e mesmo assim, a maioria só disponibiliza educação infantil e ensino fundamental, deixando o ensino médio para as escolas particulares, que também quase não dispõem, restando apenas a alternativa de procurarem outro bairro, para a continuidade dos estudos. Como a maioria da população residente tem uma renda baixa, insuficiente para estudar em escola particular e as públicas não atendendo a todos, muitos são obrigados a se deslocarem para outros bairros. O Bairro do Clima Bom conta com a participação do 7º Distrito Sanitário que proporciona assistência à população, através de 02 unidades de saúde, 02 equipes de Programa de Saúde da Família (PSF), mas ainda é insuficiente para o número de habitantes, pois nem todos conseguem atendimento e ainda enfrentam longas filas, provocando às vezes a desistência de alguns.
As unidades de saúde contam com a participação dos Conselhos Gestores. O Conselho Gestor é um espaço que a população dispõe para acompanhar e fiscalizar as ações das unidades de saúde. A formação desses conselhos é tripartite: usuário, governo, trabalhadores de saúde e sua consolidação depende do nível de mobilização da sociedade. Existe uma enorme carência na área da saúde pelo bairro não dispor de consultórios médicos, hospitais, laboratórios. O Clima Bom é um dos bairros mais desprovido de saneamento básico e enfrenta grandes dificuldades, principalmente onde reside a população em situação vulnerável. O esgoto e dejetos das casas correm pelas ruas, provocando inúmeras endemias, comprometendo a qualidade de vida da população, e em decorrência das chuvas, as ruas ficam alagadas e intransitáveis, às vezes entrando nas residências. Como a maioria das ruas não tem calçamento na época chuvosa é um verdadeiro sufoco para se deslocar, pois em alguns locais, a água invade interrompendo até a passagem dos ônibus.Falando agora do bairro do Jacintinho, o mais populoso de Maceió em função das pessoas vindas do interior do estado sempre procurava o Jacintinho para morar. Surgiram novas favelas, e o bairro foi crescendo desordenadamente. Os primeiros moradores ainda cultivavam roças com o plantio de milho, mandioca, criavam gado e extraiam madeira da mata existente Aos domingos e feriados, quando o comercio central fecha suas portas, o do bairro está aberto, com lojas de todos os ramos de negócios, para atender a todo tipo de clientela. Existem supermercados, mercadinhos, lojas de tecidos, confecções, calçados, bijuterias, açougues, farmácias, uma feira-livre que atinge varias ruas, e ainda agência bancária. O crescimento do Jacintinho, que hoje atinge uma população superior a 200 mil habitantes, incluindo todas as grotas e antigos sítios, é maior do que a de qualquer cidade do interior do Estado, contando-se, logicamente, apenas a população urbana, como a de Arapiraca, por exemplo, que é considerada a maior cidade do estado, depois da capital. Atualmente sofre com a falta de infra-estrutura, consequência da favelização em seus limites, além da criminalidade na região a despeito de projetos e investimentos de diversos governos.
Concluindo, percebemos que a ausência do poder público contribuiu substancialmente para o quadro atual dos bairros citados, positivamente e negativamente, mas fica claro que os poderes constituídos não tiveram, a efetiva capacidade de articulação no planejamento do bem-estar da comunidade de forma igualitária. Quanto à periferia, a falta de projetos de geração de rendas, bem como, atividades ocupacionais, condiciona a maioria da população jovem e adulta ao ócio e a marginalidade. Faz-se necessário emergencialmente a criação e desenvolvimento de projetos, através do poder público, juntamente com a comunidade organizada, na busca de soluções imediatas e eficientes, no intuito de: minimizar o elevado índice de violência na comunidade, promover ocupações remuneradas, improvisar e fomentar eventos de cultura e lazer, podendo para isso, utilizar os atuais prédios e áreas públicas, sob a orientação de profissionais.

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem?
    Professor, sou estudante de Biomedicina, do Cesmac e estou fazendo um trabalho sobre a qualidade de vida do bairro do Farol e gostei do que você sitou neste post. Se possível, eu queria seu e-mail pra nos comunicarmos pra que eu pudesse tirar umas dúvidas com você.
    meu e-mail: geanneroldao@hotmail.com

    Fico muito agradecida!

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