Desde o fim da Guerra do Paraguai, nos idos de 1870, Brasil e Argentina se acotovelam pela liderança da América do Sul. Tradicionalmente esta tem sido uma disputa burra, pois os dois países têm fracassado na consolidação de destaques expressivos, e têm levado, juntos, bolas nas costas de outros “hermanos” como o próspero e ágil Chile. Mas, como se a América do Sul se limitasse a essas duas nações, brasileiros e argentinos seguem incentivando suas rivalidades, incapazes de trabalharem em conjunto, buscando implementar ondas positivas para os dois países.Pende hoje a gangorra para o lado brasileiro. Além do indiscutível triunfo no futebol, os brasileiros avançam sobre empresas argentinas, adquirindo o controle acionário de vários empreendimentos tradicionais entre os portenhos. Refletindo o clima de frustração geral, o jornal econômico argentino El Cronista Comercial estampou (logo depois dos três a zero na decisão da Copa América) essa emblemática manchete: “Também nos negócios, a goleada é brasileira”.Continua o jornal portenho: “Nos últimos anos, os industriais brasileiros se apossaram dos sapatos que os argentinos calçam, da cerveja que bebem, da carne que comem, da gasolina com que abastecem seus carros, do cimento com que constroem suas casas”.Tem sua razão de ser, o lamento portenho, pois o momento não lhes é favorável. Porém, nem os argentinos devem chorar por isso, nem os brasileiros têm o que festejar – pois tudo que é (aparentemente) sólido tem-se desmanchado no ar. A médio e longo prazo não existe segurança da continuidade do que quer que seja em termos de rumo dessas economias, sempre potencialmente fortes e permanentemente problemáticas. O melhor mesmo seria uma unidade mais sólida entre nosotros, latino-americanos, para enfrentarmos a selvageria globalizada.
terça-feira, 14 de julho de 2009
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