sábado, 17 de abril de 2010

DE QUE INCLUSÃO ESTAMOS FALANDO ?

O processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais tem sido amplamente discutido, principalmente a partir da década de 90, quando iniciou-se o debate sobre a necessidade de não somente intervir diretamente sobre essa população, mas também reestruturar a sociedade para que possibilite a convivência dos diferentes (Mendes, 2002a, p. 64).
Segundo a autora, "a educação inclusiva é uma proposta de aplicação prática ao campo da educação de um movimento mundial, denominado de inclusão social, o qual é proposto como um novo paradigma e implica a construção de um processo bilateral no qual as pessoas excluídas e a sociedade buscam, em parceria, efetivar a equiparação de oportunidades para todos. O movimento pela inclusão está atrelado à construção de uma sociedade democrática, na qual todos conquistam sua cidadania e na qual a diversidade é respeitada e há aceitação e reconhecimento político das diferenças" (p.61).
De acordo com Mendes (2002 a), a discussão sobre o movimento de inclusão vem ocorrendo no Brasil há mais de uma década, mas a grande maioria do alunado com necessidades educacionais especiais ainda está fora da escola, poucos estão inseridos em escolas e classes especiais ou estão alocados em salas de aula do ensino regular sem qualquer preparo do professor para recebê-los.
A preocupação maior, portanto, deveria ser em oferecer à criança com alguma deficiência, além de um espaço físico em sala de aula, o respeito e a compreensão aos seus talentos e habilidades. Oferecer um sistema de ensino de qualidade a todos os alunos, respeitando suas diferenças, deveria ser o ponto de partida para a melhora do acesso dos alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Perceber que qualquer individuo possui limitações, o que não significa que não possa ser participativo e capaz de aprender, seria um bom ponto de partida para a reflexão sobre como trabalhar as diferenças em sala de aula. Felizmente cada vez mais discussões sobre o assunto vêm ocorrendo entre as equipes de docentes e especialistas nas escolas e universidades brasileiras. Por outro lado, as leis e declarações que fundamentam o movimento de inclusão não bastam para que esta seja efetivada. Importantes documentos internacionais afirmam e fundamentam a prática da educação inclusiva, como por exemplo, os resultantes da Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien, Tailândia (1990) e da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: acesso e qualidade, na Espanha, em 1994, quando foi elaborada a "Declaração de Salamanca". Mas, no cotidiano das escolas, verifica-se ainda uma discrepância entre o que diz a lei e o que é efetivamente realizado na prática.
A grande barreira se constitui no despreparo dos professores do ensino regular em receber esses alunos. A formação de educadores para a escola inclusiva merece melhor atenção. A reformulação de cursos de graduação e de especialização em Educação Especial tem sido considerada para se adequar às Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica e ao Plano Nacional de Educação (lei no. 10.172/2001). A nova LDB reserva um capítulo exclusivo à educação especial, o que pode reafirmar o direito à educação pública e gratuita dos alunos com necessidades educacionais especiais.

DIMENSÕES PEDAGÓGICAS DO ESPORTE

Numa perspectiva mais recente, pretende-se indicar que a pedagogia é uma teoria que se estrutura a partir de uma ação elaborada em função de exigências práticas e de suas conseqüências, portanto, para um professor ensinar qualquer conteúdo não basta ser um especialista, mas sim que tal ação seja pedagógica. Assim sendo, existe a necessidade de se estruturar uma proposta pedagógica para o ensino dos esportes, onde devemos considerar quatro aspectos importantes: Qual a modalidade a ser ensinada (o que ensinar)? Em que cenário (onde ensinar)? Quais os personagens desta prática (para quem)? Quais os significados de tal modalidade esportiva (por que)? Isto reforça a tese de que somente desta maneira possamos dar ao esporte uma perspectiva pedagógica. Segundo Allan José (s/d), ... “na construção de uma pedagogia do esporte a ser aplicada no âmbito do ensino formal devemos levar em consideração a busca pelo equilíbrio entre dois referenciais: o metodológico e o socioeducativo, ou seja, não devemos nos limitar apenas ao ensino de gestos técnicos padronizados e repetitivos que compõem a modalidade esportiva a ser ensinada (metodológico) mas também é importante que durante o ensino do esporte propriamente dito nós possamos estimular a cooperação, a convivência, a participação, enfim, a socialização de uma maneira geral para que assim o esporte funcione também como um fator de integração dos alunos durante a aula (socioeducativo)”. O ensinar, também na educação física em geral e no esporte em específico, não deve se caracterizar numa intervenção simples de transmissão de conhecimento ou imitação de gestos, em que o aluno seja apenas um receptor passivo, acrítico, inocente e indefeso, sem uma correspondente reflexão, isso seria uma forma de ensino bancário, depositário, como dizia Paulo Freire (1996), só que aplicado no esporte, pois estaríamos apenas capacitando, treinando o educando no desempenho de destrezas motoras, sem permitir-lhe o desenvolvimento e a assunção de uma capacidade crítica sobre o conteúdo ensinado. Qualquer metodologia usada, esta deverá priorizar a autonomia e a tomada de consciência das ações engendradas ao longo do processo de ensino-aprendizagem dos esportes, evidenciando também a importância da formação dos professores e atores envolvidos.

ESPORTE, ESCOLA E CIDADANIA (resenha crítica)

E qual é o papel da educação e da escola nesse contexto? Se entendermos que a educação é um processo de construção coletiva, contínua e permanente de formação do indivíduo, que se dá na relação entre os indivíduos e entre estes e a natureza, a escola é, portanto, o local privilegiado dessa formação, porque trabalha com o conhecimento, com valores, atitudes e a formação de hábitos. Dependendo da concepção e da direção que a escola venha assumir, esta poderá ser local de violação de direitos ou de respeito e de busca pela materialização dos direitos de todos os cidadãos, ou seja, de construção da cidadania. Entendemos que um projeto de escola que busque a formação da cidadania, precisa ter como objetivos: tratar todos os indivíduos com dignidade, com respeito à divergência, valorizando o que cada um tem de bom; fazer com que a escola se torne mais atualizada para que os alunos gostem dela; trabalhar a problemática da violência e dos direitos humanos, a partir do processo de conscientização permanente, relacionando esses conteúdos ao currículo escolar; incentivar práticas desportivas, comportamentos de trocas, de solidariedade e de diálogos. E para Vera Candau e outras (1995), é importante que "a escola seja um espaço onde se formam as crianças e os jovens para serem construtores ativos da sociedade na qual vivem e exercem sua cidadania" e essas autoras, referendando Sime (1991), chamam a atenção no sentido de que esta proposta educativa deve ter como eixo central a vida cotidiana, vivenciando “uma pedagogia da indignação e não da resignação”.
No entanto, realmente não precisamos que a escola seja modificada para ser simplesmente lúdica, é preciso dar autonomia a todos os componentes curriculares, incluindo a educação física . Não queremos formar seres insensíveis e sim seres capazes de se indignar, de se escandalizar diante de toda forma de violência, de humilhação. “A atividade educativa deve ser espaço onde expressamos e partilhamos esta indignação através de sentimentos de rebeldia pelo que está acontecendo”. Assim,acreditamos que esta deva ser a nossa utopia, Aida Monteiro(2005). Podemos encontrar ainda a eterna dicotomia existente entre a teoria e prática da educação física, passando pela formação dos profissionais, numa divisão da ciência em exatas e humanas diferenciando as ciências físicas e biológicas das ciências sociais, considerando que a mesma tem sofrido uma auto-crítica, podemos pensar o esporte como parte deste campo de estudo sendo ele tratado como “fato social total”. A sociedade brasileira vive, hoje, em relação ao esporte, um excepcional momento, caracterizado pela consciência de que o setor é fundamental para garantir às parcelas mais carentes da população o direito à cidadania plena.
Prof. Ricardo Oliveira de Lima

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